Como a Fisioterapia Pélvica Pode Ajudar Mulheres com Esclerose Múltipla: Dor Pélvica Crônica, Dispareunia e Incontinência
Vamos conversar nesse artigo sobre o impacto da esclerose múltipla na vida intima das mulheres e como a fisioterapia pélvica pode ajuda-las
Lara Kandauroff
3/24/20254 min read
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença autoimune, ou seja, o sistema imunológico, que deveria combater infecções externas, ataca o próprio sistema nervoso, mais especificamente a bainha de mielina dos neurônios. Essa bainha funciona como uma capa protetora — assim como os fios de eletricidade são encapados — e sua função é permitir e acelerar a transmissão dos impulsos nervosos. Quando a bainha é danificada, esses impulsos ficam mais lentos ou, em casos mais graves, deixam de ser transmitidos.
Isso causa diversos impactos na vida das mulheres com EM, como perda de equilíbrio e força muscular, fadiga constante, intolerância ao calor, dores pelo corpo, incontinência urinária e fecal, urgência urinária e dor durante a relação sexual. São muitas as adaptações necessárias após uma crise — algumas visíveis, como o uso de bengalas, muletas e cadeiras de rodas, e outras mais íntimas, como o uso diário de protetores e absorventes, o planejamento de rotas com banheiros antes de sair de casa e as dificuldades na vida sexual, que podem até afetar o relacionamento amoroso.
A saúde íntima dessas mulheres pode ser desafiadora, assim como todos os outros aspectos da vida após o diagnóstico. Mas isso não significa que precisa ser um fardo. Existem estratégias na fisioterapia que podem restaurar funções, reduzir ou até eliminar os escapes, melhorar a qualidade da relação sexual e diminuir a urgência urinária. E é sobre essas disfunções e adaptações que falarei no artigo de hoje.
Como a Esclerose Múltipla Causa Disfunções do Assoalho Pélvico?
Como já mencionei, a EM afeta a velocidade e a precisão do sistema nervoso. Mas como isso impacta o assoalho pélvico?
O assoalho pélvico desempenha diversas funções: ele relaxa, contrai, mantém-se contraído involuntariamente (tônus) e percebe sensações. Todas essas funções são controladas pelo sistema nervoso, que recebe e envia informações constantemente entre o cérebro e a medula espinhal. No entanto, quando os neurônios estão danificados — como ocorre na EM — essas informações chegam de forma incompleta, resultando em dificuldades na contração, no relaxamento, no tônus e/ou na sensibilidade.
Com isso, podem surgir sintomas como:
Dor e dificuldade na penetração durante a relação sexual ou exames ginecológicos;
Ausência de sensibilidade na região íntima;
Incontinência fecal e urinária;
Falta de percepção da necessidade de urinar ou evacuar;
Hipersensibilidade, levando a urgência urinária ou fecal.
Percebe como a variedade de disfunções pélvicas pode ser grande? E cada uma delas exige um tratamento específico.
Como a Fisioterapia Pélvica Trata a Dor Pélvica Crônica e Dispareunia?
Nas disfunções sexuais, os principais objetivos são:
✅ Melhorar o relaxamento muscular;
✅ Regular o tônus do assoalho pélvico;
✅ Reduzir a dor;
✅ Melhorar a sensibilidade e a lubrificação;
✅ Estimular o desejo sexual.
Esses objetivos são sempre pensados de forma individualizada! Para alcançá-los, utilizamos técnicas como:
Treinos de coordenação e percepção corporal;
Biofeedback para auxiliar no controle muscular;
Liberação miofascial e mobilização das articulações do quadril, pelve e lombar;
Estabilização de músculos ao redor do assoalho pélvico;
Recursos complementares, como calor, frio, vibração, laser e eletroterapia.
Além disso, o fortalecimento do assoalho pélvico é trabalhado, respeitando a capacidade e a tolerância de cada paciente. Como a fadiga e a baixa resistência ao exercício são comuns na EM, esses fatores sempre são levados em conta no tratamento.
Como a Fisioterapia Pélvica Trata a Incontinência Urinária e Fecal?
Ao tratar a incontinência, o primeiro passo é avaliar sua causa:
➡️ Se a incontinência ocorre devido a uma hiperatividade do assoalho pélvico e dificuldade no esvaziamento da bexiga, utilizamos técnicas de relaxamento e controle muscular.
➡️ Se a causa for flacidez e fraqueza do assoalho pélvico — o que pode ocorrer em conjunto com a incontinência fecal — o foco será o fortalecimento progressivo da musculatura, sempre respeitando a tolerância da paciente.
Além do trabalho muscular, é essencial avaliar os hábitos e a rotina da paciente, ajustando alguns comportamentos para minimizar os impactos da incontinência no dia a dia.
O Que Eu, Mulher com EM, Ganho Fazendo Fisioterapia Pélvica?
Assim como são inúmeras as disfunções, os benefícios de tratá-las também são! Com a fisioterapia pélvica, você pode:
🌿 Melhorar a qualidade da relação sexual;
🌿 Aumentar sua qualidade de vida;
🌿 Dizer adeus ao uso diário de absorventes;
🌿 Reduzir infecções urinárias recorrentes;
🌿 Evitar constrangimentos em público;
🌿 Ter liberdade para sair sem preocupação com banheiros.
E o melhor de tudo? O risco é baixíssimo e não há efeitos colaterais! Além disso, a fisioterapia pode evitar uma cirurgia ou reduzir a necessidade de medicamentos.
Ao longo deste artigo, percebemos alguns pontos importantes:
📌 Cada mulher é única, com sua história, hábitos, dificuldades e habilidades. O diagnóstico não define o tratamento — ele precisa ser personalizado!
📌 A fisioterapia pélvica não é apenas para quem já tem sintomas. A prevenção é sempre mais fácil e eficaz.
📌 Ter EM não significa que tudo está perdido! Talvez hoje você olhe para suas dificuldades com desânimo, achando que elas vão piorar com o tempo. Mas isso não é verdade! Existe solução, e o fardo não precisa ser tão pesado.
Espero que esse artigo tenha esclarecido suas dúvidas, e talvez criados mais algumas. Percebeu que precisa de Fisioterapia pélvica? Entre em contato pelo botão abaixo, terei o prazer de te atender 💜